Vamos a mais uma resenha, e a mais um textão da graduação.
Resenha feita no segundo semestre para antropologia. Novamente, peço, cuidem com os erros que ela deve conter. E, se usarem, me citem, o meu currículo CAPES agradece.
😉
O homem é a espécie mais recente na historia da vida natural da Terra. Ele é dotado de racionalidade, onde tem consciência de si e se constrange com as opiniões alheias, ele é um animal atemporal, ou seja, um animal religioso. Ele possui o dom da linguagem, onde descreve, argumenta, especula-se engana, se mostra inquieto com as questões de verdade e mentira. Para a existência humana é preciso ter duas qualidades essenciais que são a razão e a consciência, onde a primeira baseia-se em dados de observação empírica e a segunda em um processo introspectivo. O autor vai debater neste texto os aspectos do que é animalidade e o que é animalidade, como conhecer o que é ou não o ser humano.
Para nós os conceitos de “animal” e de “humano” aparece cheio de associações que são repletas de ambigüidades e sobrecarregadas de preconceitos intelectuais e emocionais. Para a construção do conceito de homem, os animais ocupam uma posição central, pois a cada geração se (re)constrói a concepção de animalidade como sendo um deficiência de tudo o que supostamente o homem tem e eles não tem, como a razão, a linguagem, o intelecto e a consciência moral; entretanto cada geração também lembra que o homem é um animal, e fazendo esta comparação serve para que nós nos compreendermos melhor.O autor divide seu trabalho em três partes.
Na primeira ele vai tratar sobre a esfera da biologia, analisando a definição de homem como espécie animal, como reconhecer o que é ou não um ser humano, então ele dará um exemplo de um tenente da marinha sueca chamado Nicolas Köping que avistou homens que possuíam caudas em uma ilha e ao longo deste exemplo ele irá se perguntar o que define ou não o que é um ser humano. Será a sua aparência, seu porte físico, sua cor, deficiências ou partes a mais em um corpo? Pois estes homens sabiam a arte da navegação, estavam acostumados ao comercio e faziam uso do ferro, entretanto eles eram diferentes dos homens habituais, pois possuíam caudas. Logo nesta concepção ele nos dirá que não devemos nos deixar levar pelas concepções estreitas e eurocêntricas do tipo de coisa que é um ser humano, pois o gênero humano não é fixo e imutável, ao contrario, ele é variável tanto em termos históricos quanto geográficos; sendo esta variabilidade o traço distintivo da espécie animal, pois os seres humanos não possuem a mesma aparência, tamanho, formato, cor em todos os lugares. A biologia relata que o indivíduo possui um alto grau de variabilidade, sendo a singularidade do indivíduo que vai o distinguir dos organismos vivos e dos inanimados, porque todo o cristal é uma replica e todo o organismo vivo é uma inovação, logo os seres humanos podem vir a ser os ancestrais de um futuro descendente.
Na segunda abordagem ele trata da visão filosófica do que é ou não o ser humano. Esta perspectiva traz um significado alternativo de ser humano, oposta a abordagem de animal. Aqui se tratará que a existência humana advém da riqueza e diversidade cultural, que é comparada com a diversidade da natureza em si. A palavra humanidade passa a ter uma conotação de estado ou condição humana do ser, oposta a condição de animalidade. A animalidade aqui consiste na noção de qualidade de vida no estado de natureza, onde o homem primitivo era conduzido pela suas paixões brutas, livres de constrangimentos morais e da regulação dos costumes, pois os primeiros humanos são movidos pelos instintos vivendo então em um estado de animalidade. O autor faz uma comparação entre os orangotangos adultos e os bebes humanos, pois em cada orangotango vê-se uma criança pequena; a criança ilustra o desenvolvimento da espécie, ela é um selvagem porque não tem nenhuma firmeza de propósitos, logo cada indivíduo é um resumo da raça e a criança ilustra seu desenvolvimento enquanto espécie. Nesta abordagem se irá apontar para que a condição como essência do ser humano se revela como a diversidade cultural, ou seja, para se tornar humano é preciso se tornar diferente dos demais seres humanos que falam idiomas ou dialetos diferentes, logo a animalidade humana se revela na ausência dessa diferenciação, ou seja, na sua uniformidade. Então para o ser humano existir é preciso, primeiro, existir como espécie, não conferindo qualidade a pessoa, onde o conceito de humanidade reside numa categoria biológica; segundo existir como ser humano, ou seja, existir como pessoa, o que aponta para uma condição moral.
E na terceira abordagem o autor faz um misto destas duas abordagens. Ele nos reafirma as ideais da biologia, onde a espécie humana é tão singular quanto as demais espécies onde cada individuo representa uma combinação particular. O que nos diferencias dos outros animais é nossa capacidade de raciocinar, nossa linguagem, consciência moral, costumes, códigos…sendo que o homem é um animal que erra e se constrange com as opiniões alheias, que fica inquieto com as questões da verdade ou da mentira. E que vemos uma criança em cada chimpanzé maduro e por isso o tratamos como se fosse um caso de desenvolvimento interrompido.A fronteira entre a espécie humana e as demais espécies animais não é paralela, ela cruza as fronteiras entre animalidade e humanidade com estado de ser. Nossa visão do que é uma pessoa, do que é um ser humano é muito dependendo da visão de mundo ocidental.